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O quão?

O quão importante temos de ser na vida de alguém, para que as nossas escolhas, os nossos caminhos interfiram com a felicidade ou egocentrismo dessa pessoa. Será que se pode chamar sequer a isso ser-se importante, ou é apenas uma forma dessa mesma pessoa se desculpar com o facto de seguir cada passo que dás ao milímetro, como alguém que sofre de um distúrbio de alinhamento mental em que a única satisfação é saber e fazer com que as coisas girem em torno de si próprias com o propósito e desculpa da tua importância para elas. Não sei se nascemos com um destino marcado, como os crentes dizem, não acredito muito nisso, mas também não acredito que somos postos no mundo em vão, acredito que se aquele pequeno mecanismo biológico funcionou e estamos cá, então de alguma forma o nosso destino (se assim o quiserem chamar) será esse, estar cá. Tudo o que advém, é nosso, são escolhas tomadas mediante as oportunidades que nos são colocadas adiante. Se seguimos o caminho A, este de certo irá ter tan
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Ansiedade

Um suspiro aqui, outro ali. Todos os dias o mesmo desconforto, aquele aperto no peito e aquele pequeno terramoto que parece não se saber bem a origem pela qual surge. Todos os dias, algo que nos incomoda ou incomodou persegue, sobre formas que o nosso corpo transparece de formas incompreendidas. Mais um suspiro, e não sei bem porquê. Os pulmões estão cheios de ar, a traqueia não está a fechar, eu consigo respirar na perfeição. Inspiro. Ao meu redor tudo estremece, tudo anda à roda, numa roda de multitarefas diferentes que ainda não descobri o que são ou para o que servem ou para onde vão. Tudo parece estar prestes a ruir sobre mim, sinto a minha mão deslocar-se com força para o meu peito, dói, mas não sei bem porquê ou onde, só sei que dói. A casa rodopia à minha volta, a rotina mantêm-me activa e viva, e mata-me diariamente também. Sinto o bater do meu coração acelerado. Parece que vai explodir. Páro. Expiro. Tudo à minha volta, volta ao sitio, o corpo já não treme, e a casa já não va

Até Já

Descalço os sapatos, não quero sujar a casa, espatinhá-la e ter de a ver limpar mais cedo do que o previsto. Ela não tem tempo para isso. Entro devagar para que não a acorde, ela já dorme. Coloco a mochila de uma forma rotineira na mesa da cozinha de forma a que possa retirar tudo o que está lá dentro, só para que amanhã, ou daqui a umas horas coloque tudo lá dentro novamente. Sento-me monotonamente na cadeira da varanda, sabe bem, sentir a brisa a passar pelo cabelo molhado de um dia inteiro de trabalho. Levanto-me, olho ao meu redor e vejo o quão abençoado sou pela casa que tenho. *Bip* Odiava aquele som, ultimamente significava sempre que estava atrasado para fazer algo, que não sabia o que era, e que não queria bem fazer. *Bip* insiste. Atendo. Levo as mãos à cara por momentos, para me confrontar com o momento de que não vou estar deitado naquela cama o suficiente para ela o sentir, para que ela sequer se lembre que estive ali. Volto à cozinha, Tudo o que tirei da mochila de c

Medo

O medo está sempre presente. Quer queiramos ou não é impossível não viver com ele. Podemos tentar enganá-lo, podemos tentar dizer-lhe “desta vez não”, mas, ele alimenta-se e come connosco à nossa mesa, à espera de um momento, daquele momento que sabemos que é sempre o menos oportuno e, voilá, ali está ele. Primeiro entranha-se apenas na tua cabeça dizendo que não és capaz, que não vais conseguir, depois passa por todas as entranhas do teu corpo, tu sentes ele a deslizar sobre ti como simples gotas de suor, tu sentes que alimentaste aquele “animal”, tu sabes que o alimentaste e sabes que vais ter de viver com ele. Tomo um banho, retiro todas aquelas gotas de suor que escorregaram sobre o meu corpo e que cheiravam a desconforto, mentira e desilusão. Eu alimentei aquele medo, criei-o mas vou prendê-lo. Tenho a minha pele a cheirar a aroma suave de jasmim, como adoro este gel de banho, criei um pacto com aquele pequeno momento de paz em que lavei todas aquelas gotas de medo do meu corpo,

Alguém

Caminhava... As pedras pequenas e as folhas secas que estavam caídas no chão estalavam ao som de cada passo. Era completamente um deserto, só que tinha árvores, rios e flores. Não havia seres vivos, excepto alguém. Alguém que talvez não existisse mas que se sentia, que se ouvia, que talvez nos ouvisse. Caminhava, chegou junto de um lago, olhou para ele e nada viu, porquê? Pois se a água não estava suja, era tão limpa, tão pura, porque é que esse alguém não se via a ele mesmo? Será que não se conhecia? Hoje isso acontece muitas vezes, ninguém sabe o que faz, o que diz ou mesmo o que pensa. Deveríamos nós caminhar, abrir os olhos, ver o mundo, não viver tão perdidos em sonhos, não sermos cópias de algo ou alguém que vimos, mas sim o que para nós está certo e não o fazermos de forma abstracta, fazermos de forma notável para que sejamos reconhecidos? Agora as pedras e as folhas secas ainda se ouviam mais, esse alguém já viu a sua imagem na água do lago, já sabe quem é, o que faz, em

O desafio diário de morar sozinha

Faz quatro anos que tomei a decisão  《vou mudar de vida, vou cuidar de mim sem ter de dar justificações a ninguém. Vou ser só eu.》, pensei eu na minha ingenuidade de recém adulta que seria fácil, a verdade que eu desconhecia é que afinal decidir morar sozinha não implica apenas fazer as malas com as minhas roupas e ir embora de casa dos pais e instalar-me na minha nova vida, decidir morar sozinha implica abdicar de alguns sonhos porque financeiramente é impossível cuidar de uma casa e dos sonhos ao mesmo tempo. Eu aprendi isso da pior forma, achei que era dona do mundo e arredores que podia e conseguia tudo, ao fim de um ano estava atulada de confusão, ao fim de um ano no meu habitat natural eu disse 《mãe quero morar contigo outra vez》. Acontece que tive 2 meses novamente sobre a asa da mãe mas as coisas não correram bem, os feitios chocam e as discussões eram diárias, lembrei-me da razão principal pela qual sai de casa, e decidi que teria de o fazer novamente. Por esta altura contava

Ser sozinha

A brisa suave passa ao de leve por entre os meus cabelos e nesse momento eu percebo que sou uma pessoa livre, que pode sonhar sem precisar de alguém ao lado para o fazer. O chalrear dos pássaros também parece aumentar cada vez que me entranho neste sistema. Na verdade, é como se fosse uma só neste momento, eu e a natureza e o meu chá de canela e maçã a acompanhar, quem me conhece sabe que sempre preferi um bom chá ao invés de um café. Este chá é particularmente relaxante, tendo uma textura suave com o pequeno pormenor de ter uma leve camada de nata batida por cima, parece que fui transportada para os anos 80, onde as senhoras se reuniam nos cafés para a sua hora do chá, só que eu vim sozinha, sou só eu, o meu pensamento e este chá e sinceramente nada na vida me sabe melhor. Por entre os meus dedos passa agora um percevejo, faz-me pensar no quanto eu sou idêntica a ele, mesmo agindo sozinho ele procura sempre a companhia de algo, seja dos meus dedos ou da planta para a qual ele foi ago